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“Joker”, de Todd Phillips: isto não é um filme de super-heróis

Written by on October 9, 2019

“Sou só eu, ou o mundo está a ficar mais louco?”, diz Arthur Fleck a uma assistente social que faz sua avaliação psicológica logo no início de “Joker”. O personagem interpretado por Joaquin Phoenix, ator que aqui parece estar numa espécie de transe, mostra que esse não é um filme de super-herói. A história de origem do vilão é tirada do contexto das bandas desenhadas da DC Comics e transportada para um drama psicológico bem perturbador. Certamente não é para menores de idade.

Dirigido por Todd Phillips (“A Ressaca”), o filme venceu o Leão de Ouro no último Festival de Veneza e, desde então, tem recebido críticas de todos os tipos. Algumas dizem ser um “filme irresponsável”, mas a maioria delas não poupa elogios a Joaquin Phoenix. Por esse papel, o ator de 44 anos, que já foi nomeado para três Óscares (“Gladiador”“Walk the Line” e “The Master – O Mentor”), é um forte e justo concorrente à estatueta na premiação do ano que vem.

Tanto o estilo galhofeiro do Joker de Jack Nicholson quanto a densidade caótica de Heath Ledger foram marcantes. Porém, a atuação de Phoenix é excepcional. Magérrimo e corcunda, Arthur Fleck é um derrotado cujo sonho é ser comediante de stand-up, mas sobrevive de trabalhos temporários como palhaço. Ele sofre de uma doença mental, uma condição neurológica chamada pseudobulbar affect, que causa riso espontâneo e incontrolável em momentos inapropriados. Ainda por cima, ele mora numa Gotham City (ou Nova Iorque) da década de 1980 suja, com greve dos lixeiros há semanas, o metro abandonado, e os letreiros em neon dos cinemas de rua a exibir filmes porno.

Em meio a tudo isso, Arthur Fleck diz à assistente social que ele duvida da sua própria existência. Ele só passa a sentir que existe quando comete um crime. Por acaso, esse crime desencadeará uma revolta violenta em Gotham. Manifestantes começam a usar máscaras de palhaço, e Arthur sente um orgulho e uma satisfação nisso, mas ao mesmo tempo quer deixar claro: “não é político”. Ou seja, não é para ser uma revolução nem à direita nem à esquerda.

Fleck parece se sentir mais confiante, muda de atitude e de figurino, colore o cabelo de verde, quando sente-se visível. No entanto, ninguém o reconhece, afinal “somos todos palhaços”. Ele chega até a ser convidado para um talk-show cujo apresentador é interpretado por Robert De Niro (uma homenagem óbvia e perfeita ao personagem de “O Rei da Comédia”, de Martin Scorsese). De Niro e Phoenix protagonizam a cena mais tensa do filme em que a psicopatia de Fleck é escancarada (e televisionada).

“Joker”, de Phoenix e Phillips, existe para causar desconforto assim como Fleck está desconfortável dentro do seu próprio corpo que o obriga a ser feliz num sistema falido. Aqui não há ainda o inimigo do Batman, mas já existe o desejo por vingança. “Put on a happy face”, assim mesmo no imperativo, é o novo “Why so serious?”. Não é à toa que a palavra “louco” é dita várias vezes ao longo de uma trama que não dá motivo para riso.

 

 

Fonte: comunidadeculturaearte.com


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