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40 anos do boom do rock português. 40 canções que fizeram história

Written by on February 5, 2020

Palavrões, riffs elétricos e toda uma nova linguagem serviram para impor a geração que se fez ouvir de 1980 em diante como diferente das que a antecederam, criando um momento único na história da música portuguesa. Alinhámos 40 canções num mural em que expomos o retrato do rock nacional de há 40 anos. Dos célebres Xutos & Pontapés, GNR, UHF e Rui Veloso aos esquecidos Opinião Pública, Damas Rock, Grupo de Baile ou PizoLizo

1. RUI VELOSO – CHICO FININHO (1980)

Foi aqui que tudo começou! A «merda na algibeira» deste «freak da cantareira» conquistou um país e provou que rockar em português era uma clara vantagem num momento da história em que tudo parecia estar ainda por fazer.

 

 

2. UHF – CAVALOS DE CORRIDA (1980)

Apenas um mês depois de Rui Veloso, e com o mesmo carimbo editorial, os UHF de António Manuel Ribeiro entraram na novíssima cena eléctrica nacional pela porta principal com um single que é hoje, muito justamente, encarado como um clássico maior: rock destilado à portuguesa com um pulsar verdadeiramente cavalgante.

 

 

3. GNR – PORTUGAL NA CEE (1981)

Ainda com Alexandre Soares na voz e com Toli César Machado e Vítor Rua, este single é um dos expoentes do boom do rock português. A letra antecipava em cinco anos a entrada de Portugal na Comunidade Económica Europeia. Tornou-se um hino!

 

4. HERÓIS DO MAR – BRAVA DANÇA DOS HERÓIS (1981)

Depois das experiências formativas dos Faíscas em plena era punk e dos Corpo Diplomático já com os pés fincados na new wave, os Heróis do Mar propunham uma ligação ao neo-romantismo londrino assinando uma das mais ambiciosamente modernas estreias nacionais enquanto dançavam. De forma brava, claro.

 

5. ANTÓNIO VARIAÇÕES – ESTOU ALÉM (1982)

O maxi de estreia de António Variações foi uma lufada de ar fresco numa cena musical que na altura tinha uma visão que no máximo ia de Lisboa a Londres. Variações estava mais além e preferia o eixo Braga / Nova Iorque. E entre o fado e uma pop avançada, criou-se a lenda.

 

6. TÁXI – CHICLETE (1981)

Com origem nos Pesquisa (que era também o grupo de Alexandre Soares), os Táxi tornaram-se o primeiro caso sério de vendas da geração do boom, com o seu álbum de estreia a chegar muito rapidamente ao galardão de ouro, muito graças a este mítico tema que chegou a merecer uma versão Drum n’ Bass a cargo dos Cooltrain Crew.

 

7. UHF – RUA DO CARMO (1981)

Mais outro clássico, este com direito a vídeo e tudo filmado, pois claro, numa Rua do Carmo anterior ao fogo do Chiado. O tema passou mais de seis meses no Top do programa TNT – Todos No Top, da Rádio Comercial e impôs definitivamente os UHF como a maior banda desta era.

 

8. XUTOS & PONTAPÉS – SÉMEN (1981)

Começou aqui uma lenda que é hoje um dos maiores monumentos rock do nosso país. “Sémen” foi proibida na Rádio Renascença e por isso mesmo adoptado ainda com mais entusiasmo pelo Rock em Stock de Luís Filipe Barros. Tornou-se um dos clássicos maiores dos Xutos.

 

9. LENA D’ÁGUA E A BANDA ATLÂNTIDA – VÍGARO CÁ, VÍGARO LÁ (1981)

Lena D’Água é outra vez figura de corpo presente na cena pop nacional. No início dos anos 80, no entanto, a filha do famoso jogador de futebol José Águas já tinha no currículo passagens pelos Beatnicks e pelos Salada de Frutas. Este “Vígaro Cá, Vígaro Lá” foi um dos seus primeiros grandes êxitos.

 

10. TRABALHADORES DO COMÉRCIO – CHAMEM A POLÍCIA (1981)

Todos juntos: “chamem a polícia, au au au, chamem a polícia/que eu não pago!” Produto claro da capacidade de comunicação de Júlio Isidro, os Trabalhadores do Comércio de Sérgio Castro fizeram bandeira do sotaque do Porto e deixaram marca vincada nas playlists radiofónicas da época.

 

11. HERÓIS DO MAR – AMOR (1982)

Mega-sucesso para os Heróis do Mar, alcançando dezenas de milhar de cópias vendidas e tocando fundo na consciência colectiva nacional, o tema “Amor” provou que era possível dançar-se em português nas discotecas de todo o país.

 

12. BANDA DO CASACO – NATAÇÃO OBRIGATÓRIA (1981)

Grupo de Nuno Rodrigues e de António Avelar Pinho (que produziriam, juntos ou separados, gente como Heróis do Mar, UHF, Rui Veloso, Taxi, etc…), a Banda do Casaco tinha um percurso singular desde a década de 70. Este tema ficou conhecido pela célebre frase “não há cu que não dê traque” numa era em que o rock tuga reclamava palavras que faziam corar.

 

13. RUI VELOSO – RAPARIGUINHA DO SHOPPING (1981)

Segundo single de Rui Veloso, “Rapariguinha do Shopping” beneficiou do êxito retumbante de “Chico Fininho” e impôs o retrato de uma nova realidade social no Portugal de 1980, não apenas das raparigas modernas de ancas distraídas, mas dos centros comerciais que então despontavam por todo o lado.

 

14. UHF – RAPAZ CALEIDOSCÓPIO (1981)

Escondido no alinhamento do álbum de estreia dos UHF logo depois do “hit” “Rua do Carmo”, este “Rapaz Caleidoscópio” podia ser uma espécie de reverso para a “Rapariguinha do Shopping”, vestido de napa preta e apaixonado por violência em pleno Bairro Alto. Lembram-se de alguém assim?

 

15. ADELAIDE FERREIRA – BABY SUICIDA (1981)

Um ano antes da edição de “Baby Suicida”, Adelaide Ferreira tinha participado no Festival da Canção com o grupo Alegres Comadres que incluía Ana Bola e Helena Isabel. Este tema escrito num quarto de pensão representa o lado roqueiro de uma cantora que fez carreira posterior com baladas românticas.

 

16. GRUPO DE BAILE – PATCHOULY (1981)

Em 1981, não havia um único adolescente que não procurasse encontrar uma cópia deste single sem a palavra “pentelhos” censurada com um sonoro “piiii”. Isso levou a que vendessem perto de 100 mil cópias e que se transformassem no mais perfeito exemplo de “one hit wonders” do nosso país. E não, ele não canta sobre “peixeiras” e “sovacos”…

 

17. JÁFUMEGA – RIBEIRA (1981)

As origens dos Jáfumega estão nos Mini-Pop grupo dos irmãos Barreiros na década de 70. Depois de cantarem em inglês, os Jáfumega vergaram-se às evidências e adoptaram o português neste single que se tornou num dos símbolos da época («a ponte é uma passagem p’ra outra margem»). Mário Barreiros é hoje um dos mais conceituados produtores nacionais e o seu irmão, Eugénio, faleceu já este ano, tendo a notícia da sua morte sido comunicada no passado dia 14.

 

18. TAXI – CAIRO (1982)

O álbum Cairo, de onde saiu este tema, também fez furor em 1982 graças à ambiciosa capa, uma lata redonda com grafismo inspirado em motivos da arte egípcia. Mercê do revivalismo corrente em torno do suporte vinil, o álbum mereceu reedição em 2018 e o clássico sobre a cidade “apaixonante” continua bem vivo.

 

19. SALADA DE FRUTAS – ROBOT (1981)

Com voz de Lena d’Àgua – que seria despedida poucos meses depois – este “Robot” tem um dos mais memoráveis refrões do boom («olha o robot/é pró menino e prá menina, olhó…»), facto que explica a sua adaptação em tempos recentes como jingle publicitário. O grupo incluía os pesos pesados Guilherme Inês e Zé Carrapa.

 

20. MANUELA MOURA GUEDES – FORAM CARDOS FORAM PROSAS (1981)

Era impossível este single não ser um clássico: Manuela Moura Guedes já era conhecida da rádio e da TV, o tema “Foram Cardos Foram Prosas” foi escrito por Miguel Esteves Cardoso e produzido por Ricardo Camacho dos Sétima Legião e entre os músicos contavam-se Toli, Vítor Rua e Tó Pinheiro da Silva!

 

21. ROQUIVÁRIOS – CRISTINA (1982)

Banda de Midus e Mário Gramaço, os Roquivários representam bem o espírito exploratório do boom e por isso, musicalmente, apontavam em todas as direcções. Anos mais tarde, Midus emigrou e fez carreira a tocar com gente como Anne Clark ou Melanie C. Para história fica o refrão «Cristina, não vais levar a mal/mas beleza é fundamental». E o solo de saxofone logo a abrir, claro.

 

22. RUI VELOSO – UM CAFÉ E UM BAGAÇO (1981)

Primeiro single após a edição de Ar de Rock, este “Um Café e Um Bagaço” foi novamente um enorme êxito com mais um “cromo tuga” nada raro a inspirar uma canção que tinha por refrão uma frase que se escutava todas as manhãs pelos cafés de todo o país. Ainda se ouve hoje em dia, na verdade…

 

23. GNR – HARDCORE (1982)

Em 1982 os GNR já estavam bem à frente da maior parte dos outros protagonistas da nossa cena rock, como o demonstra a originalidade deste tema cantado em espanhol e inglês e aquele que será certamente um dos primeiros exemplos de videoclip numa era em que quase sempre bastava às bandas a habitual passagem pelo “Passeio dos Alegres” de Júlio Isidro.

 

24. XUTOS & PONTAPÉS – TOCA E FOGE (1982)

Em 1982, além do álbum de estreia, os Xutos & Pontapés ainda nos deram o single “Toca e Foge”, marcando presença nos subterrâneos da revolução eléctrica que então assolava o país a partir da independente de António Sérgio, a Rotação.

 

25. SÉTIMA LEGIÃO – GLÓRIA (1983)

Os Sétima começaram em 1982 quando Rodrigo Leão e Pedro Oliveira participaram no concurso Grande Noite do Rock. Conquistaram o segundo lugar e não olharam para trás. Em 1983 estrearam-se com um single com letra de Miguel Esteves Cardoso e alinharam com o som que chegava de Manchester.

 

26. ROQUIVÁRIOS – ELA CONTROLA (1981)

Escondido no lado B do single “Totobola” editado em 1981 pela Rádio Triunfo encontrava-se este “hino” de emancipação masculina contra a mulher dominadora que, garantia Mário Gramaço, “controla, enrola e não descola”…

 

27. STREET KIDS – PROPAGANDA (1982)

Grupo de Nuno Rebelo (mais tarde Mler Ife Dada), Nuno Canavarro (que haveria de passar brevemente pelos Delfins e que gravou a solo para a Ama Romanta) e Luís Ventura (mais tarde Lobo Meigo), os Street Kids foram um dos melhores exemplos de sintonia com a new wave. Este era o tema que abria o seu único álbum, editado em 1982 pela Valentim de Carvalho.

 

28. SALADA DE FRUTAS – SE CÁ NEVASSE… (1982)

Gravado na Holanda, o segundo álbum da banda de Guilherme Inês, Zé Nabo e Moz Carrapa demonstrava ambição em termos de produção e apresentava às rádios argumentos como o tema título, com letra sardónica e balanço moderno a aproximar-se da sonoridade de gente como Supertramp ou 10CC. Com um toque subtil de portugalidade para boa medida.

 

29. DAMAS ROCK – SABOTAGEM (1981)

Não serão bem as avós das Anarchicks, mas terão certamente sido das primeiras “bandas” rock nacionais só com elementos femininos. Apresentaram-se como Damas Rock ao baralho rock nacional com esta “Sabotagem” eléctrica em 1981. Uma delas era Felícia Cabrita, que depois se notabilizaria como jornalista.

 

30. ARTE & OFÍCIO – MARIJUANA (1980)

Os Arte & Ofício eram sobreviventes da década de 70, mas não se impuseram nos anos 80, apesar deste pequeno hit. Eram o antigo grupo de António Garcês (que formaria os Roxigénio) e de Sérgio Castro (homem da frente dos Trabalhadores do Comércio). E ainda eram dos que acreditavam no inglês neste boom de palavras em português.

 

31. BANANAS – IDENTIDADE (1983)

Primeiro grupo de Jorge Romão, os Ban gravariam este single já sem o actual baixista dos GNR. O motor criativo era João Ferraz, que faria mover depois os Ban, Magenta ou Zero. E na voz estava João Loureiro, que haveria de ser dirigente do Boavista.

 

32. CTT – DESTRUIÇÃO (1981)

Em pleno boom, tudo o que vinha à rede era banda passível de se gravar: até quem respondia pelo nome de Conjunto Típico Torreense e vinha do circuito dos bailes… Frase memorável: “destruição, destruição, destruição…”

 

33. FERRO & FOGO – SUPER-HOMEM (1981)

Com origens nos Hosanna e Plutónicos dos anos 70, os Ferro & Fogo estrearam-se ainda no final dessa década num concerto com os Tantra. Em 81, os Ferro & Fogo eram uns dos representantes do lado mais hard rock da nossa cena musical. O vocalista participou, anos mais tarde, no Chuva de Estrelas.

 

34. FRODO – MACHOS LATINOS (1981)

Frodo, ou Manuel Cardoso, era o líder dos Tantra e além do seu trabalho a solo notabilizou-se como produtor de gente como os Iodo ou Street Kids. Este nome, obviamente surripiado ao universo de Tolkien, foi adoptado no álbum Humanoid Flesh, o último da banda, editado em 1980. Neste single posiciona-se estrategicamente no Cais do Sodré para uma investida por terrenos tropicais.

 

35. IODO – MALTA À PORTA (1981)

Os Iodo foram outra das bandas efémeras cuja carreira foi tornada possível pela sede de rock português que assolou as editoras no período 1980/1983. “Malta à Porta” foi um enorme êxito e um dos singles que ostentou, orgulhosamente, o autocolante “1º Lugar no Top do Rock em Stock”. Uma das pérolas poéticas: “Não queiras assinar documentos em papel molhado”.

 

36. MÁRIO MATA – NÃO HÁ NADA PARA NINGUÉM (1981)

Mário Mata foi, sem dúvida, uma das criações de Júlio Isidro. O enorme sucesso que foi “Não Há Nada Para Ninguém”, espécie de cruzamento entre as gerações do rock e da música de intervenção, começou a ser fabricado no programa Febre de Sábado de Manhã e culminou no Passeio dos Alegres. Vendeu milhares!

 

37. PIZOLIZO – BOMBA NUCLEAR NÃO (1980)

Para a posteridade ficaram o refrão de “Bomba Nuclear Não” em tom hard rock e o facto deste ser o grupo de João Melo, figura que passaria também pelos Go Graal Blues Band depois da saída de Paulo Gonzo e que formaria os Fúria do Açúcar. Depois disso vieram os “reality shows”…

 

38. VODKA LARANJA – O PAPEL (1981)

Da mesma geração dos Minas & Armadilhas e Corpo Diplomático, com que os Vodka Laranja chegaram a actuar, esta banda foi um verdadeiro viveiro de “figuras”: João Cabeleira e Gui fizeram parte (ambos nos Xutos & Pontapés, hoje em dia) assim como Gimba, que mais tarde formaria os Afonsinhos do Condado.

 

39. OPINIÃO PÚBLICA – PUTO DA RUA (1981)

Álbum produzido por António Manuel Ribeiro, editado na Rotação de António Sérgio, com capa da sua mulher Ana Cristina Ferrão, No Sul da Europa tinha neste “Puto da Rua” um dos seus principais argumentos, tendo aliás merecido edição em single e tudo.

 

40. BAN – ALMA DORIDA (1984)

Dos Bananas nasceriam os Ban que neste “Alma Dorida” procuraram apontar a Manchester para nos oferecerem um tema “alternativo”, cinzento e dolente, cumprindo todos os requisitos para inscrição no manual “urbano depressivo”.

 

Fonte: Blitz.pt // Rui Miguel Abreu