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Artistas brasileiros furiosos com proibição de ‘manifestações politicas’ em festival

Written by on March 29, 2022

Pabblo Vittar Lollapalooza - Camões Rádio - Brasil

Artistas brasileiros furiosos com proibição de ‘manifestações politicas’ em festival

 

O Brasil tem eleições presidenciais marcadas para Outubro mas as tensões politicas já se vêm a sentir há vários meses. No último fim-de-semana, o festival de música Lollapalooza deu voz a vários artistas que se mostraram insatisfeitos com o governo brasileiro, especialmente com o atual presidente Bolsonaro.

“Foda-se Bolsonaro. Foda-se ele. Estamos fartos dessa energia”, disse Marina aos fãs nesta sexta-feira, no início dos três dias de encontro em São Paulo.

O partido da qual Bolsonaro faz parte, decidiu tomar medidas legais e um juiz acabou mesmo por proibir manifestações políticas em festivais. Depois de um governo marcado pela incapacidade de lidar com a pandemia de Covid-19, somando já 650,000 mortos e os ataques ao ambiente, a população tem vindo a perder a paciência e a mostrar publicamente o seu desagrado.

Pabloo Vittar, um dos artistas mais conhecidos do Brasil, cantou “Fora Bolsonaro!” e dançou no meio da multidão, segurando uma bandeira vermelha com a imagem do ex-presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva, que irá defrontar Bolsonaro nas próximas eleições.

Também o rapper Emicida mostrou o seu desagrado com o atual presidente, apelou a que os jovens se registem para voar e deu voz ao grito de guerra do movimento de oposição: “Ei Bolsonaro, vai tomar no cu”.

Os advogados do Partido Liberal alegaram que as ações de Vittar e Marina constituíam uma ‘Campanha prematura” e portanto, essa propagada pró-Lula teria de acabar.

O ministro eleitoral Raul Araújo concordou que tal comportamento constituía “propaganda político-eleitoral”. Qualquer outra campanha eleitoral “ostensiva e extemporânea” de músicos que se apresentavam no Lollapalooza era proibida, com multa de 50.000 reais por quaisquer violações.

Na reação, figuras públicas denunciaram o que muitos chamaram de ato de censura.

“Isso é autoritarismo. Isso é medo… não vamos e não devemos ficar calados”, disse o líder da igreja progressista Henrique Vieira, que se apresentou com Emicida no Lollapalooza.

 

Augusto de Arruda Botelho, advogado, tuitou: “Além de abrir um precedente extraordinariamente perigoso, isso é totalmente ilegal. Tempos sombrios.” E a cantora e compositora Zélia Duncan disse: “Ninguém cala a voz do povo”

A pop star Anitta ironizou a decisão. “50 mil? Caramba… um saco a menos”, ela deu de ombros, antes de twittar sarcasticamente: “SAIA BOLSONAROOOOO. Essa lei também se aplica fora do Brasil? Porque eu só toco em festivais internacionais.”

 

Um dos mais famosos apresentadores de televisão do Brasil, Luciano Huck, disse que a decisão remonta à ditadura militar de duas décadas no Brasil, quando um decreto linha-dura conhecido como Ato Institucional nº 5 proibiu a liberdade de expressão e reunião e autorizou o fechamento do Congresso.

“Em um festival de música, é o público que decide se vai ou aplaude a opinião de um artista que está no palco, não o supremo tribunal eleitoral”, tuitou Huck.

Lula declarou: “Prepare-se, Brasil, porque vamos consertar este país”.

Criticando o “comportamento psicopata” de Bolsonaro, ele disse: “Pode ter certeza que vai ser difícil, mas vamos vencer e vamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para consertar este país e fazer o povo sorrir mais uma vez”.