Porque é que o nosso cérebro prefere ouvir a música da nossa juventude? A ciência responde
Written by Camões Radio on November 15, 2020
Ouvir e compreender música não é tão fácil como parece: é uma carga de trabalhos para o nosso cérebro.
Um dos editores da Pitchfork, Jeremy D. Larson, procurou explicar o porquê de termos mais dificuldade em escutar música nova assim que ultrapassamos uma certa idade.
Escreve Larson que existe uma “explicação psicológica” para este fenómeno, o de existir sempre da nossa parte maior facilidade em ouvir a música com a qual estamos já familiarizados. A resposta está, evidentemente, no cérebro.
O nosso cérebro vão-se alterando à medida que reconhecem novos padrões, e no que concerne à música, existe uma rede de nervos no córtex auditivo – o sistema corticofugal – que nos ajuda a catalogar os padrões musicais.
Quando um som específico é mapeado em um padrão, o cérebro emite uma quantidade correspondente de dopamina, elemento químico que está na origem das nossas emoções mais intensas.
Quer isto dizer que quando o cérebro regista um coro específico em uma canção, liberta a quantidade certa de dopamina, o que com o tempo vai sendo padronizado.
Larson cita também o livro “Proust Was a Neuroscientist”, que explica como a alegria da música está na forma como as canções “brincam” com os padrões no nosso cérebro, ajudando à libertação de dopamina – um método neurocientífico que está também na base da música pop.
Se escutamos algo que não tenha sido previamente mapeado pelo cérebro, o sistema corticofugal ressente-se, provocando uma libertação de dopamina maior – e, não existindo padrões prévios, isso pode provocar sensações de repulsa.
Fonte: Blitz.pt