Rio em Glastonbury ficou contaminado com as drogas dos festivaleiros
Written by Camões Radio on October 1, 2021
Os níveis de MDMA e ecstasy no Whitelake River eram altíssimos. Estes resíduos põem em risco uma espécie de enguia já em perigo.
O festival de Glastonbury, no Reino Unido, é um dos maiores do mundo, atraindo aproximadamente 200 mil pessoas a cada edição. Muitas vezes, este festival é sinónimo de álcool e, principalmente, drogas. Na edição de 2021 há um novo problema. Os festivaleiros estão a consumir tanta cocaína e MDMA, que a sua urina está a contaminar o rio que ali flui, pondo em perigo espécies de enguias em risco.
Investigadores da Universidade de Bangor, no País de Gales, detetaram níveis altíssimos de cocaína e MDMA, mais conhecida como ecstasy, no Whitelake River, que corre por Worthy Farm, onde o festival de música tem lugar.
Os testes à água foram feitos antes, durante e depois da edição de 2019. O estudo liderado por Christian Dunn, docente na universidade, revelou que os níveis de MDMA no rio quadruplicaram na semana após o festival, enquanto que os níveis de cocaína chegou a níveis que já tinham sido previamente marcados como sendo nocivos para a vida marinha que habita no rio, como as enguias europeias que, consequentemente, são uma espécie em perigo.
“A proximidade do Festival de Glastonbury com um rio faz com que quaisquer drogas libertadas pelos festivaleiros tenham pouco tempo para se degradarem no solo antes de entrarem no frágil ecossistema da água doce”, diz Dan Aberg, um dos investigadores.
Os níveis de resíduos de drogas ilegais no rio são “altas o suficiente para serem classificadas como sendo nocivas para o meio ambiente”, explica Christian Dunn à “CNN”. Adianta, no entanto, que “os números baixam bastante após o festival acabar”. Por outro lado, temos de ter em atenção que o festival prolonga-se por vários dias. A edição de 2019, que foi o alvo do estudo, durou cinco dias, de 26 de junho a 1 de julho.
Os investigadores informaram que os níveis de drogas no rio aumentam porque os festivaleiros já tornaram numa espécie de tradição irem lá urinar. Para combater isto, Dunn reforça a importância da proibição de se urinar em público, coisa que o festival já anda a tentar fazer: “Urinar no chão é algo que vamos continuar a desencorajar afincadamente nos próximos festivais. Também não apoiamos o uso de drogas ilegais no Glastonbury”, disse uma nota do festival.
“Temos de começar a realçar os perigos destas drogas para o público e para os festivaleiros, dizendo-lhes ‘olhem, outra razão para a qual vocês não deveriam estar a urinar no chão”, reforça.
Fonte: NIT/ texto Eduardo Oliveira