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Filme de ação iraniano “A lei de Teerão” surpreende

Written by on June 29, 2022

A lei de Teerão - Camões Rádio - Filme

 

Realizado pelo cineasta Saeed Roustaee, de apenas 32 anos, conta uma história de tráfico de drogas na capital iraniana.

Assim como podemos afirmar que o cinema português sobreviveu à morte de Manoel de Oliveira, com a chegada de uma nova geração de cineastas que, apesar do respeito pelo mestre, se afastou já do seu universo temático e estilístico, também começa a ser legítimo sublinhar que o cinema do Irão também sobreviveu ao desaparecimento de Abbas Kiarostami.

O exemplo do iraniano Saeed Roustaee é paradigmático. Com apenas 32 anos, já dirigiu três longas-metragens e, enquanto aguardamos a chegada do filme que lhe valeu este ano o Prémio da Crítica em Cannes, “Os Irmãos de Leila”, chega esta quinta-feira às salas o que será, seguramente, um dos grandes filmes do ano, “A Lei de Teerão”, estreado mundialmente no Festival de Veneza de 2019. Se esquecermos então, por um momento, o cinema iraniano com a marca Kiarostami, estaremos livres para absorver tudo o que Roustaee tem para nos contar – e não é pouco.

“A Lei de Teerão” inscreve-se diretamente na linha universalista de filmes de polícias e ladrões. Mas, quando conhecemos os constrangimentos morais e legais da sociedade iraniana, percebemos desde o início que o filme, que evolui num quadro profundamente realista, nos remete para o submundo do tráfico e consumo de droga na capita iraniana. É a primeira grande surpresa.

A ação centra-se num agente da polícia determinado a apanhar um esquivo barão da droga e no esforço que este faz, a todos os níveis, para escapar à pena capital quando é finalmente preso. O filme começa com uma sequência de um ritmo alucinante e arrasador e termina de forma brutal. Mas, ao longo das suas pouco mais de duas horas, Roustaee nunca perde o sentido do espetáculo, acompanhado por uma também nova geração de atores.

Esqueçam os policiais de Hollywood ou da TV; aqui nem os polícias são heróis intocáveis e moralmente impolutos, nem os criminosos são só monstros. E a carga social, nunca usada para justificar o crime de uma forma fácil, está afinal sempre presente.

Vivo, surpreendente e corajoso, “A Lei de Teerão” é um filme absolutamente a não perder.

 

Fonte: JN