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Filme brasileiro “Deserto particular” é a surpresa da semana nos cinemas

Written by on July 6, 2022

Deserto particular_ - Camões Rádio - Filme

 

Obra do realizador Aly Muritiba foi premiada em Veneza e tem coprodução portuguesa da Fado Filmes.

 

O cinema português tem vindo a relacionar-se, em termos de coproduções, com outras cinematografias que lhe são próximas, do ponto de vista geográfico, linguístico ou por afinidade intelectual. Apesar de não serem tão frequentes como desejável, a associação de produtores portugueses com cineastas brasileiros é uma realidade e “Deserto particular”, com produção da Fado Filmes, e montagem de Patrícia Saramago é um bom exemplo.

Revelação entre nós do universo do realizador Aly Muritiba, com uma obra que se divide entre a curta e a longa-metragem, documentário e ficção e entre cinema e TV, “Deserto particular” chega-nos com a chancela de uma seleção para as “Giornate degli autori”, do Festival de Veneza, onde recebeu o Prémio do Público.

Desde a primeira imagem do filme que percebemos que o seu autor tem um olhar e que o homem que vemos correr na direção da câmara não está apenas a fazer jogging. Daniel foge da solidão. Foge de um episódio que lhe põe em risco a carreira na polícia. Foge de uma família em que divide com a irmã os cuidados necessários para manter vivo um pai que nada diz e pouco já pode fazer. Daniel foge na única direção que lhe é possível para encontrar Sara, com quem mantém uma ligação virtual, único elo que o mantém ligado à vida.

Aly Muritiba “perde” algum tempo a descrever a existência desse homem e quando, já bem dentro do filme, nos coloca face ao seu genérico, percebemos que é mesmo ali que a sua vida começa – embora não exatamente como tinha sonhado, idealizado ou desejado…

Cada um de nós tem o seu deserto particular a gerir, e é precisamente isso que Daniel tem de fazer, ao encontrar finalmente a personagem Sara. Cada um sabe de si e Daniel e Sara vão ter o seu momento de felicidade. Nada mau, considerando a atual depressão de um Brasil em queda, dominado pelo evangelismo, estrangulado pela crise económica, de que o filme faz tão bom retrato. Mas também o Brasil de um céu imenso, de uma beleza natural tangível, de uma musicalidade libertadora. Um deserto a explorar, o de Aly Muritiba.

 

 

Fonte: JN