Portugal A Vista – S06E25 – Castelo de Leiria
Written by Camoes Radio on June 20, 2025
Castelo de Leiria: Um Símbolo da Reconquista | Portugal á Vista S06E25
Junte-se a nós numa exploração sonora do Castelo de Leiria, um monumento que moldou Portugal. Ouça o podcast agora!
No mais recente e cativante episódio de *Portugal á Vista*, mergulhamos profundamente na rica tapeçaria histórica de Portugal através da lente de um dos seus mais imponentes monumentos: o **Castelo de Leiria**. Este episódio, “Castelo de Leiria: Um Símbolo da Reconquista | Portugal á Vista S06E25”, convida os ouvintes a uma viagem sonora e educativa, que desvenda a extraordinária importância deste castelo na formação da nação portuguesa.
Mais do que uma simples estrutura de pedra, o **Castelo de Leiria** é um testemunho vivo de um momento-chave na história de Portugal. Conquistado aos mouros em 1135 por Dom Afonso Henriques, que na altura ainda era Infante, o castelo emerge como um ponto central estratégico, uma vigia constante que permanece até hoje, oferecendo uma vista privilegiada para o centro histórico da cidade de Leiria.
O episódio detalha as **diversas fases de ocupação do Castelo de Leiria**, desde a sua função inicial como fortaleza militar até à sua transformação em palácio real. Os vestígios arquitetónicos e as narrativas históricas guiam-nos através destas evoluções, revelando a adaptabilidade e a resiliência desta construção ao longo dos séculos. A parcial reconstrução e aprimoramento do castelo, obra do arquiteto Ernesto Korrodi, garantiu ao **Castelo de Leiria** um aspeto apalaçado, visível da cidade, que o distingue e o eleva como um ex-líbris do património nacional.
A entrada no **Castelo de Leiria** faz-se pela Porta de Albacara, um nome de origem árabe que nos transporta imediatamente para o seu passado tumultuoso. Esta porta conduz-nos ao interior do recinto defensivo, onde uma riqueza de elementos históricos aguarda a nossa descoberta. A **Igreja de Nossa Senhora da Pena**, os antigos Paços Reais, a imponente Torre de Menagem e as fascinantes cisternas medievais são apenas alguns dos pontos de interesse que este episódio explora em profundidade, fornecendo um contexto detalhado e cativante para cada um.
A apresentadora, Isabel Braz, guia-nos com mestria através da história, começando pela construção do **Castelo de Leiria** em 1135, por iniciativa de Dom Afonso Henriques. Ela sublinha que este período, conhecido como Reconquista, foi crucial para a constituição da nação portuguesa. Dom Afonso Henriques, então sediado em Coimbra, procurava expandir e defender os seus territórios, e o **Castelo de Leiria** desempenhou um papel vital neste xadrez estratégico.
A necessidade de reforçar os castelos que constituíam a linha do Mondego, como Montemor-o-Velho, Castelo de Lousã, e Castelo de Soure, era premente. Coimbra estava fortificada, mas a visão de Dom Afonso Henriques estendia-se para além, exigindo uma linha avançada não só para defender Coimbra, mas também para ser um ponto estratégico para o avanço e conquista de terras a sul do Mondego, incluindo os cobiçados territórios de Santarém, Lisboa e Sintra.
Não é por acaso, portanto, que Dom Afonso Henriques escolhe este morro para instalar o **Castelo de Leiria**. A sua posição estratégica é inquestionável. É um morro que se destaca na paisagem leiriense, um local que já tinha sido habitado pelos nossos antepassados desde tempos pré-históricos. Esta escolha demonstra uma compreensão tática apurada, visando criar uma linha defensiva robusta e, ao mesmo tempo, uma base de ataque para a conquista de novos territórios.
O período de lutas entre cristãos e muçulmanos (ou mouros, como os cristãos designavam os berberes do norte de África) significou que a fundação do **Castelo de Leiria** foi marcada por confrontos intensos. As posições estratégicas e territoriais eram disputadas ferozmente, e o castelo foi, como referido, tomado de assalto diversas vezes. Dom Afonso Henriques confiou o comando da guarnição militar a Dom Paio Guterres, o primeiro alcaide-mor, um cavaleiro de grande valor que defendeu bravamente o castelo e a população, bem como a posição de Coimbra.
Apesar das frequentes investidas e retomas do castelo pelos mouros, a resiliência dos seus defensores era notável. O episódio destaca a arquitetura peculiar do castelo afonsino e o seu anexo, a Albacara, um termo árabe que significa “recinto de gado bovino”. Esta estrutura revela uma faceta pragmática da vida medieval: em caso de ataque, a população refugiava-se dentro do recinto amuralhado, trazendo consigo o seu gado – um recurso fundamental para a sobrevivência em cercos prolongados. Provavelmente, este anexo também servia para pequenas hortas do castelo.
As Cisternas do Castelo de Leiria: Engenho e Sustentabilidade
Um dos pontos mais importantes e fascinantes da visita ao **Castelo de Leiria** são as suas cisternas. A água, para além do alimento e dos víveres, era um elemento crucial a preservar durante os tempos de guerra. Dentro do recinto do castelo, existem cinco cisternas, sendo o complexo que exploramos o de maiores dimensões, um arqueossítio de grande relevância.
Este complexo é constituído por três compartimentos com uma notável capacidade de armazenamento, alimentados sobretudo pela recolha de água pluvial. A exploração do interior das cisternas revela-nos compartimentos vastos, cada um com as suas claraboias por onde a água da chuva era recolhida. Acredita-se também que poderiam ser alimentadas por fontes próximas, nomeadamente na encosta noroeste do castelo.
As passagens que hoje observamos entre os compartimentos são resultado de intervenções recentes. O **Castelo de Leiria** esteve encerrado para obras de reabilitação entre junho de 2019 e maio de 2021, e este complexo das cisternas foi intervencionado, permitindo agora aos visitantes explorar o seu interior.
Podemos ainda observar os vestígios da argamassa utilizada para cobrir as paredes das cisternas, o chamado almagre, com a sua cor avermelhada devido à presença de óxido de ferro. Este tipo de argila, muito utilizada em pinturas rústicas, confere uma notável impermeabilidade, essencial para a retenção da água.
As estruturas modernas que hoje vemos nas cisternas são utilizadas para apoiar iniciativas culturais, como exposições temporárias de escultura, fotografia, desenho e, em particular, media arte. O espaço procura ser um local de sensibilização e diálogo em torno da temática da água, uma questão de vital importância para as gerações futuras.
O episódio de *Portugal á Vista* no **Castelo de Leiria** enfatiza como os nossos antepassados medievais se confrontaram com anos de seca extrema, recorrendo ao seu engenho e arte para construir estruturas como estas cisternas, a fim de gerir este recurso fundamental para a vida humana e do planeta. Assim, este espaço, para além da sua componente arqueológica, histórica e cultural, torna-se um local de reflexão sobre a gestão sustentável da água potável.
A Porta da Traição e a Lenda do Corvo no Castelo de Leiria
Junto à Grande Muralha noroeste do **Castelo de Leiria**, encontramos uma porta peculiar, propositadamente discreta e embutida. Esta é a **Porta da Traição**, ou Porta de Trás, um elemento comum nos castelos medievais, que tinha como função principal permitir uma via de fuga em caso de ataque e impossibilidade de sustentar a defesa.
Por outro lado, esta porta secreta do **Castelo de Leiria** também permitia efetuar ataques de surpresa às tropas inimigas que se aproximassem e servia como via para enviar mensageiros em busca de reforço militar às guarnições vizinhas. A sua discrição era fundamental, concebida para não ser reconhecida pelo inimigo, sendo oculta por uma barracão (muralha mais baixa) e pela vegetação do morro.
A **Porta da Traição** está intrinsecamente ligada a uma das mais icónicas lendas do **Castelo de Leiria** e da cidade: a **Lenda do Corvo** e a tomada do castelo. A lenda narra que, numa das ocasiões em que o **Castelo de Leiria** foi retomado pelos mouros, o exército de Dom Afonso Henriques, vindo de Coimbra, acampou na colina “Cabeça de Rei”, preparando um ataque surpresa para a alvorada.
Quando os soldados estavam a preparar-se, um corvo pousou no cimo de um pinheiro bravo, agitando freneticamente as asas e crocitar alegremente. Os soldados de Dom Afonso Henriques interpretaram este sinal como um bom agouro, o que lhes deu uma motivação especial para iniciar o ataque e serem bem-sucedidos. Segundo a lenda, o **Castelo de Leiria** foi então retomado aos mouros.
Esta lenda é de tal modo significativa que está memoriada no brasão da cidade de Leiria, onde o **Castelo de Leiria** é representado ao centro, ladeado por pinheiros bravos com o corvo que simboliza esta histórica vitória.
A Imponente Torre de Menagem do Castelo de Leiria
O episódio de *Portugal á Vista* leva-nos à **Torre de Menagem** do **Castelo de Leiria**, um elemento fundamental da defesa. A própria palavra “menagem” significa homenagem, e numa torre de menagem num castelo medieval, representava um símbolo de poder militar, administrativo e judicial do senhor do castelo.
A **Torre de Menagem** que observamos hoje é o resultado de obras de reconstrução e ampliação significativas, mandadas realizar por **Dom Dinis em 1324**, um ano antes da sua morte. Curiosamente, o ano atual evoca os setecentos anos da morte de Dom Dinis, a 7 de janeiro de 1325, o que torna a visita a esta torre ainda mais simbólica.
Esta torre no **Castelo de Leiria** representa o poder de Dom Dinis sobre este território. No final da sua vida, Dom Dinis teve um sério conflito com o seu próprio filho, o príncipe herdeiro Dom Afonso (futuro Dom Afonso IV), durante a guerra civil de 1319-1324. Leiria entregou o castelo aos revoltosos chefiados pelo príncipe, o que desagradou profundamente a Dom Dinis, que havia confiado na fidelidade dos habitantes.
A construção desta grandiosa **Torre de Menagem** no **Castelo de Leiria**, no sítio da torre anterior de menores dimensões, foi uma clara reafirmação do seu poder régio e da retomada do controlo real sobre este território, servindo como uma lembrança aos leirienses que o tinham traído.
Além de ser um elemento fundamental de defesa do castelo, o último reduto em caso de ataque, a **Torre de Menagem** também serviu como prisão régia desde meados do século XIV até meados do século XVIII. Hoje, o seu interior é visitável, e os visitantes podem subir até ao terraço, o último piso, para desfrutar de uma magnífica vista de trezentos e sessenta graus de toda a cidade e território envolvente.
Junto à porta de entrada da **Torre de Menagem** no **Castelo de Leiria**, encontramos uma inscrição que se refere à sua construção e ampliação em 1324 por Dom Dinis, indicando que foi começada e acabada a 8 de maio desse ano. Por baixo, estão os brasões reais de Dom Dinis, da Rainha Dona Isabel de Aragão e do Infante Dom Afonso.
Uma segunda inscrição na torre remete para outra guerra civil, séculos mais tarde, opondo o Infante Dom Miguel à Rainha Dona Maria II. Esta inscrição diz respeito à passagem das tropas liberais, lideradas pelo Conde de Saldanha, Dom Luís Mouzinho Galvão, em 15 de janeiro de 1834. Eles expulsaram os miguelistas que se tinham instalado no castelo e tinham a artilharia apontada para a cidade, deixando como testemunho a inscrição: “Viva Dona Maria Segunda de Portugal”.
Os Paços Novos: A Residência Real e Cultural do Castelo de Leiria
Deixando para trás a parte eminentemente militar do **Castelo de Leiria**, adentramos agora a sua vertente residencial com os **Paços Novos do castelo**. Mandados construir por Dom João I por volta de 1390, já nos finais do século XIV e inícios do século XV, estes paços representam uma evolução na utilização do castelo.
Anteriormente, os reis da primeira dinastia portuguesa, quando se fixavam em Leiria, residiam nos Paços de São Simão ou de São Pedro, situados na antiga cerca da vila medieval, junto à Igreja de São Pedro, a segunda igreja de Leiria. Daí a designação “Paços Novos” para este palácio edificado dentro do próprio **Castelo de Leiria**, que se tornou um dos mais belos palácios de Portugal.
Nos pisos inferiores dos **Paços Novos** no **Castelo de Leiria**, está atualmente em exibição uma exposição de longa duração intitulada “Castelo de Leiria: Construções de um Lugar”. Esta exposição é de uma importância imensa, pois mostra os vestígios arqueológicos encontrados por diversas equipas que desenvolveram trabalhos arqueológicos dentro do castelo e na sua envolvente.
A exposição no **Castelo de Leiria** revela a permanência e a evolução da ocupação humana neste morro desde tempos muito antigos. Os vestígios expostos abrangem desde o Calcolítico, ou Idade do Cobre (há cinco mil anos), até à época moderna, fornecendo uma perspetiva contínua da presença humana neste local estratégico.
O piso mais nobre do palácio é o Salão Magno, também conhecido como Salão das Audiências. Daqui, chegamos à parte mais icónica do **Castelo de Leiria**: a sua galeria, lógia ou varanda. Este local oferece uma vista fabulosa para o lado sul da cidade, nomeadamente para o centro histórico.
É, sem dúvida, a zona mais identificável do **Castelo de Leiria** e um dos pontos favoritos dos nossos estimados visitantes, que vêm desfrutar não só da arquitetura do palácio, mas também da magnífica vista sobre a cidade de Leiria. É um convite à contemplação e à imaginação, transportando-nos para os tempos em que a realeza e a corte usufruíam desta mesma paisagem.
A Igreja de Nossa Senhora da Pena: O Coração Espiritual do Castelo de Leiria
No interior do recinto do **Castelo de Leiria**, encontramos a **Igreja de Santa Maria da Pena**, um local de significado profundo para os leirienses. Esta é a **primeira igreja de Leiria**, e a sua construção data da fundação do castelo, na década de 1140, com alguns autores a apontar entre 1144 e 1147 como o período da sua edificação.
Originalmente, seria uma igreja simples de estilo românico. No entanto, das suas características originais, pouco resta atualmente para além da sua planimetria. Hoje, a **Igreja de Nossa Senhora da Pena** apresenta-se em estilo gótico, resultado de sucessivas reformas ao longo dos séculos.
As reformas mais importantes decorreram no reinado de Dom Dinis e, sobretudo, no reinado de Dom João I, que a transformou numa capela palaciana, ligada diretamente aos Paços Novos do **Castelo de Leiria**. Esta ligação arquitetónica e funcional reflete a importância que a igreja ganhou no contexto da residência real.
A **Igreja de Nossa Senhora da Pena** apresenta características e semelhanças com o estaleiro do Mosteiro de Santa Maria da Vitória da Batalha, também construído por Dom João I, onde ele inclusive instalou o seu próprio panteão real. Estas semelhanças são visíveis no estilo e no fecho da abóbada, onde encontramos inclusivamente um símbolo “Y”, que se pensa estar ligado à dinastia de Avis e, consequentemente, a Dom João I.
A igreja é composta por uma magnífica capela-mor, onde identificamos o símbolo da Cruz de Cristo, ligado aos Templários. Esta ordem monástico-militar teve um papel importante no período da Reconquista, ajudando Dom Afonso Henriques e desempenhando um papel crucial na conquista de Santarém. A sua presença e influência eram notáveis na região, com a sua sede em Tomar, o que explica as marcas da sua presença no **Castelo de Leiria**.
Por falar em marcas, a **Igreja de Nossa Senhora da Pena** guarda umas marcas muito especiais que, por vezes, passam despercebidas aos olhos menos treinados: as **marcas de canteiro**. Estes símbolos intrigantes, gravados no aparelho da nave da igreja, eram a “assinatura” dos mestres canteiros. Eram contratados à tarefa e pagos à peça, e a necessidade de deixarem a sua identificação em cada pedra trabalhada permitia a contabilidade do seu trabalho e o seu pagamento.
Encontramos marcas de canteiro semelhantes nos Paços Novos do **Castelo de Leiria** e, mais uma vez, no Mosteiro de Santa Maria da Vitória na Batalha, sugerindo que houve participação dos mesmos mestres canteiros da Batalha na construção do palácio real e na reforma desta primeira igreja de Leiria.
Outra curiosidade na capela-mor da igreja são duas sepulturas. Uma delas pertencia a Pero Barbalardo, um alcaide-mor do **Castelo de Leiria**, evidenciando a importância da família Barbalardo na gestão do castelo. A outra sepultura é atribuída por alguns autores à Rainha Santa Isabel, embora ela tenha sido sepultada no Mosteiro de Santa Clara em Coimbra.
O coro alto da igreja é marcado por um magnífico arco de estilo manuelino, que se destaca esteticamente do gótico. Este arco não é original da **Igreja de Nossa Senhora da Pena**; foi introduzido pelo arquiteto **Ernesto Korrodi**. Korrodi, um arquiteto suíço radicado em Leiria, teve um papel crucial no restauro do **Castelo de Leiria**, que se encontrava em ruínas nos finais do século XIX.
O Legado de Ernesto Korrodi: A Salvação e Reconstrução do Castelo de Leiria
O estado de ruína do **Castelo de Leiria** nos finais do século XIX era lamentável. No entanto, a sua salvação deve-se em grande parte a um esforço conjunto liderado pela Liga dos Amigos do Castelo de Leiria, criada em 1915 e impulsionada pelo Doutor Tito Aranha, a quem também se deve a instituição do museu e da biblioteca erudita, e que está na génese do atual Museu de Leiria.
**Ernesto Korrodi**, com a sua visão e paixão pela arquitetura e história, integrou a direção desta liga. Com o apoio do governo português da altura, já no contexto da recém-implementada República, Korrodi foi nomeado responsável pelo projeto de restauração do **Castelo de Leiria** e pela direção das obras.
Estas obras de restauração tiveram lugar sobretudo a partir de 1923-1924, estendendo-se até à década de 1930. Após a saída de Korrodi da direção, a Direção Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais assumiu a responsabilidade e continuou o trabalho de restauração ao longo do século XX.
Uma das decisões mais notáveis de **Ernesto Korrodi** foi a salvação do já mencionado arco manuelino de uma antiga capela, a Capela de Sant’António do Carrascal, onde hoje se situa o cemitério da cidade. Esta capela foi demolida, e Korrodi, para não perder esta obra-prima, achou por bem colocá-la no coro alto da **Igreja de Nossa Senhora da Pena** do **Castelo de Leiria**. Esta ação demonstra o profundo respeito de Korrodi pelo património e a sua capacidade de integrar elementos históricos de forma harmoniosa.
Graças ao trabalho de **Ernesto Korrodi** e de todos os que o seguiram, o **Castelo de Leiria** recuperou grande parte do seu esplendor. Ele garantiu ao castelo um “aspeto apalaçado vindo da cidade”, uma imagem que hoje é icónica e reconhecível. O castelo permanece até hoje como uma vigia da cidade, e da sua varanda, oferece uma vista privilegiada para o centro histórico, atraindo milhares de visitantes anualmente.
A Porta da Buçaqueira e a Vida Quotidiana no Castelo de Leiria
Por baixo da **Porta da Buçaqueira** do **Castelo de Leiria**, um arco de volta inteira, encontramos a marca do início do primitivo castelo de Dom Afonso Henriques, construído em 1135. Nas suas aduelas, observamos igualmente os símbolos da Cruz de Cristo, ligados aos Templários, reforçando a importância desta ordem na fundação e defesa do castelo.
A designação “Buçaqueira” para esta porta, presente na documentação medieval, remete para a presença de aves de cetraria nesta torre: falcões, gaviões e açores. Estas aves eram treinadas e utilizadas nas caçadas que os reis e nobres realizavam nos regueiros e cotadas próximas em tempo de paz.
A caça era um dos desportos favoritos do rei, sobretudo Dom Dinis, um grande amante da cetraria. Os seus falcoeiros treinavam e guardavam estas aves de cetraria aqui no **Castelo de Leiria**. Mais tarde, a partir do século XIII, esta torre foi transformada na Torre dos Sinos, ou torre sineira, da **Igreja de Nossa Senhora da Pena**.
Este detalhe oferece um vislumbre da vida quotidiana e dos interesses da corte dentro do **Castelo de Leiria**, para além das suas funções puramente militares. Mostra como o castelo era um centro de vida, de lazer e de administração, adaptando-se às necessidades e prazeres dos seus ocupantes reais.
Conclusão: O Castelo de Leiria – Um Tesouro Nacional a Descobrir
O **Castelo de Leiria** é, sem dúvida, um dos mais importantes símbolos monumentais da história de Portugal. Este episódio de *Portugal á Vista* oferece uma perspetiva abrangente e aprofundada sobre a sua rica história, a sua arquitetura fascinante, as lendas que o envolvem e o seu papel contínuo como centro cultural e de reflexão.
Convidamos todos os ouvintes da Camoes Radio e espectadores da CamoesTV+ a mergulhar nesta narrativa rica e envolvente. Compreender o **Castelo de Leiria** é compreender uma parte essencial da alma portuguesa, da nossa resiliência, do nosso engenho e da nossa capacidade de preservar e revalorizar o património.
Seja através das lutas da Reconquista, das decisões estratégicas de D. Afonso Henriques e D. Dinis, da beleza dos Paços Reais, da engenhosidade das cisternas ou do legado de Ernesto Korrodi, o **Castelo de Leiria** continua a ser um farol da nossa identidade. A sua história é um lembrete constante da nossa jornada como nação.
Não perca a oportunidade de ouvir e assistir a este episódio. É uma porta aberta para o passado glorioso de Portugal, uma fonte de inspiração e um convite à descoberta e à valorização do nosso património único. Sinta-se parte desta história, desta paisagem, deste símbolo eterno de Leiria e de Portugal.
Ouça o Podcast de Portugal á Vista S06E25: Castelo de Leiria
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Leiria Castle: A Symbol of the Reconquista | Portugal á Vista S06E25
Join us for an auditory exploration of Leiria Castle, a monument that shaped Portugal. Listen to the podcast now!
In the latest and captivating episode of *Portugal á Vista*, we delve deeply into the rich historical tapestry of Portugal through the lens of one of its most imposing monuments: **Leiria Castle**. This episode, “Leiria Castle: A Symbol of the Reconquista | Portugal á Vista S06E25,” invites listeners on a sonic and educational journey that uncovers the extraordinary importance of this castle in the formation of the Portuguese nation.
More than a mere stone structure, **Leiria Castle** is a living testament to a pivotal moment in Portugal’s history. Conquered from the Moors in 1135 by Dom Afonso Henriques, who was then still an Infante, the castle emerges as a central strategic point, a constant vigil that remains to this day, offering a privileged view of Leiria’s historic city center.
The episode details the **various phases of occupation of Leiria Castle**, from its initial function as a military fortress to its transformation into a royal palace. The architectural remains and historical narratives guide us through these evolutions, revealing the adaptability and resilience of this construction over centuries. The partial reconstruction and enhancement of the castle, a work by the architect Ernesto Korrodi, ensured **Leiria Castle** a palatial appearance, visible from the city, which distinguishes it and elevates it as a landmark of national heritage.
Entry into **Leiria Castle** is through the Albacara Gate, a name of Arabic origin that immediately transports us to its tumultuous past. This gate leads us inside the defensive enclosure, where a wealth of historical elements awaits our discovery. The **Church of Nossa Senhora da Pena**, the ancient Royal Palaces, the imposing Keep (Torre de Menagem), and the fascinating medieval cisterns are just some of the points of interest that this episode explores in depth, providing a detailed and captivating context for each.
The presenter, Isabel Braz, masterfully guides us through history, beginning with the construction of **Leiria Castle** in 1135, initiated by Dom Afonso Henriques. She emphasizes that this period, known as the Reconquista, was crucial for the constitution of the Portuguese nation. Dom Afonso Henriques, then based in Coimbra, sought to expand and defend his territories, and **Leiria Castle** played a vital role in this strategic chessboard.
The need to reinforce the castles that formed the Mondego line, such as Montemor-o-Velho, Lousã Castle, and Soure Castle, was pressing. Coimbra was fortified, but Dom Afonso Henriques’ vision extended beyond, requiring an advanced line not only to defend Coimbra but also to serve as a strategic point for the advancement and conquest of lands south of the Mondego, including the coveted territories of Santarém, Lisbon, and Sintra.
It is no coincidence, therefore, that Dom Afonso Henriques chose this hill to establish **Leiria Castle**. Its strategic position is unquestionable. It is a hill that stands out in the Leiria landscape, a place that had already been inhabited by our ancestors since prehistoric times. This choice demonstrates a keen tactical understanding, aiming to create a robust defensive line and, at the same time, a base for attack to conquer new territories.
The period of struggles between Christians and Muslims (or Moors, as Christians referred to the Berbers of North Africa) meant that the founding of **Leiria Castle** was marked by intense confrontations. Strategic and territorial positions were fiercely disputed, and the castle was, as mentioned, stormed multiple times. Dom Afonso Henriques entrusted the command of the military garrison to Dom Paio Guterres, the first alcaide-mor (governor), a knight of great valor who bravely defended the castle and the population, as well as Coimbra’s position.
Despite the frequent incursions and recaptures of the castle by the Moors, the resilience of its defenders was remarkable. The episode highlights the peculiar architecture of the Afonsine castle and its annex, the Albacara, an Arabic term meaning “cattle enclosure.” This structure reveals a pragmatic facet of medieval life: in case of attack, the population would take refuge inside the walled enclosure, bringing with them their livestock – a fundamental resource for survival during prolonged sieges. This annex likely also served for small castle gardens.
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The Cisterns of Leiria Castle: Ingenuity and Sustainability
One of the most important and fascinating points of interest when visiting **Leiria Castle** are its cisterns. Water, in addition to food and provisions, was a crucial element to preserve during wartime. Within the castle grounds, there are five cisterns, with the complex we explore being the largest, an archaeological site of great relevance.
This complex consists of three compartments with a remarkable storage capacity, primarily fed by rainwater collection. Exploring the interior of the cisterns reveals vast compartments, each with its skylights through which rainwater was collected. It is also believed that they could have been fed by nearby springs, particularly on the northwest slope of the castle.
The passages we observe today between the compartments are the result of recent interventions. **Leiria Castle** was closed for rehabilitation works between June 2019 and May 2021, and this cistern complex was intervened, now allowing visitors to explore its interior.
We can still observe the remnants of the mortar used to cover the cistern walls, called almagre, with its reddish color due to the presence of iron oxide. This type of clay, widely used in rustic paintings, provides remarkable impermeability, essential for water retention.
The modern structures we see today in the cisterns are used to support cultural initiatives, such as temporary exhibitions of sculpture, photography, drawing, and, in particular, media art. The space seeks to be a place of awareness and dialogue around the theme of water, a matter of vital importance for future generations.
The *Portugal á Vista* episode on **Leiria Castle** emphasizes how our medieval ancestors faced years of extreme drought, resorting to their ingenuity and art to build structures like these cisterns, in order to manage this fundamental resource for human life and the planet. Thus, this space, in addition to its archaeological, historical, and cultural components, becomes a place for reflection on the sustainable management of drinking water.
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The Traitor’s Gate and the Crow Legend at Leiria Castle
Next to the Great Northwest Wall of **Leiria Castle**, we find a peculiar gate, deliberately discreet and embedded. This is the **Traitor’s Gate**, or Back Gate, a common element in medieval castles, whose main function was to provide an escape route in case of an attack and the impossibility of sustaining the defense.
On the other hand, this secret gate of **Leiria Castle** also allowed for surprise attacks on approaching enemy troops and served as a route to send messengers seeking military reinforcement from neighboring garrisons. Its discretion was fundamental, designed not to be recognized by the enemy, being hidden by a barracão (lower wall) and the hill’s vegetation.
The **Traitor’s Gate** is intrinsically linked to one of the most iconic legends of **Leiria Castle** and the city: the **Crow Legend** and the capture of the castle. The legend narrates that, on one occasion when **Leiria Castle** was retaken by the Moors, Dom Afonso Henriques’ army, coming from Coimbra, camped on the “King’s Head” hill, preparing a surprise attack for dawn.
As the soldiers were preparing, a crow perched on top of a wild pine tree, frantically flapping its wings and cawing joyfully. Dom Afonso Henriques’ soldiers interpreted this sign as a good omen, which gave them special motivation to launch the attack and be successful. According to the legend, **Leiria Castle** was then retaken from the Moors.
This legend is so significant that it is commemorated on the coat of arms of the city of Leiria, where **Leiria Castle** is represented in the center, flanked by wild pine trees with the crow symbolizing this historic victory.
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The Imposing Keep of Leiria Castle
The *Portugal á Vista* episode takes us to the **Keep (Torre de Menagem)** of **Leiria Castle**, a fundamental element of its defense. The word “menagem” itself means homage, and in a medieval keep in a castle, it represented a symbol of the military, administrative, and judicial power of the castle’s lord.
The **Keep** that we observe today is the result of significant reconstruction and expansion works, ordered by **Dom Dinis in 1324**, a year before his death. Interestingly, the current year marks seven hundred years since Dom Dinis’s death, on January 7, 1325, which makes a visit to this tower even more symbolic.
This tower in **Leiria Castle** represents Dom Dinis’s power over this territory. Towards the end of his life, Dom Dinis had a serious conflict with his own son, the heir apparent Dom Afonso (future Dom Afonso IV), during the civil war of 1319-1324. Leiria surrendered the castle to the rebels led by the prince, which deeply displeased Dom Dinis, who had trusted the loyalty of the inhabitants.
The construction of this grand **Keep** in **Leiria Castle**, on the site of the previous smaller tower, was a clear reaffirmation of his royal power and the reassertion of royal control over this territory, serving as a reminder to the people of Leiria who had betrayed him.
In addition to being a fundamental defensive element of the castle, the last redoubt in case of attack, the **Keep** also served as a royal prison from the mid-14th century until the mid-18th century. Today, its interior is open to visitors, and guests can ascend to the terrace, the top floor, to enjoy a magnificent 360-degree view of the entire city and surrounding territory.
Next to the entrance door of the **Keep** in **Leiria Castle**, we find an inscription referring to its construction and expansion in 1324 by Dom Dinis, indicating that it began and finished on May 8 of that year. Below it are the royal coats of arms of Dom Dinis, Queen Dona Isabel of Aragon, and Infante Dom Afonso.
A second inscription on the tower refers to another civil war centuries later, opposing Infante Dom Miguel to Queen Dona Maria II. This inscription concerns the passage of the liberal troops, led by the Count of Saldanha, Dom Luís Mouzinho Galvão, on January 15, 1834. They expelled the Miguelistas who had occupied the castle and had artillery pointed at the city, leaving as testimony the inscription: “Viva Dona Maria Segunda de Portugal” (Long live Dona Maria the Second of Portugal).
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The New Palaces: The Royal and Cultural Residence of Leiria Castle
Leaving behind the eminently military part of **Leiria Castle**, we now enter its residential aspect with the **New Palaces (Paços Novos)** of the castle. Commissioned by Dom João I around 1390, in the late 14th and early 15th centuries, these palaces represent an evolution in the castle’s use.
Previously, the kings of the first Portuguese dynasty, when they settled in Leiria, resided in the Palaces of São Simão or São Pedro, located in the old medieval village enclosure, next to the Church of São Pedro, Leiria’s second church. Hence the designation “New Palaces” for this palace built within **Leiria Castle** itself, which became one of the most beautiful palaces in Portugal.
On the lower floors of the **New Palaces** in **Leiria Castle**, a long-term exhibition titled “Leiria Castle: Constructions of a Place” is currently on display. This exhibition is of immense importance, as it showcases the archaeological remains found by various teams who have conducted archaeological work within the castle and its surroundings.
The exhibition at **Leiria Castle** reveals the permanence and evolution of human occupation on this hill from very ancient times. The exhibited remains span from the Chalcolithic, or Copper Age (five thousand years ago), to the modern era, providing a continuous perspective of human presence at this strategic location.
The most noble floor of the palace is the Grand Hall, also known as the Audience Hall. From here, we reach the most iconic part of **Leiria Castle**: its gallery, loggia, or balcony. This spot offers a fabulous view to the south side of the city, particularly the historic center.
It is, without a doubt, the most identifiable area of **Leiria Castle** and one of the favorite spots for our esteemed visitors, who come to enjoy not only the palace’s architecture but also the magnificent view over the city of Leiria. It is an invitation to contemplation and imagination, transporting us to the times when royalty and the court enjoyed this very same landscape.
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The Church of Nossa Senhora da Pena: The Spiritual Heart of Leiria Castle
Inside the enclosure of **Leiria Castle**, we find the **Church of Santa Maria da Pena**, a place of profound significance for the people of Leiria. This is **Leiria’s first church**, and its construction dates back to the castle’s foundation, in the 1140s, with some authors pointing to between 1144 and 1147 as the period of its erection.
Originally, it would have been a simple Romanesque church. However, little remains of its original features today beyond its ground plan. Today, the **Church of Nossa Senhora da Pena** presents itself in Gothic style, the result of successive reforms over the centuries.
The most important reforms took place during the reign of Dom Dinis and, above all, during the reign of Dom João I, who transformed it into a palatine chapel, directly linked to the New Palaces of **Leiria Castle**. This architectural and functional connection reflects the importance the church gained in the context of the royal residence.
The **Church of Nossa Senhora da Pena** exhibits characteristics and similarities with the construction site of the Monastery of Santa Maria da Vitória in Batalha, also built by Dom João I, where he even established his own royal pantheon. These similarities are visible in the style and the vault’s keystone, where we even find a “Y” symbol, believed to be linked to the House of Aviz dynasty and, consequently, to Dom João I.
The church consists of a magnificent main chapel, where we identify the symbol of the Cross of Christ, linked to the Templars. This monastic-military order played an important role during the Reconquista period, assisting Dom Afonso Henriques and playing a crucial role in the conquest of Santarém. Their presence and influence were notable in the region, with their headquarters in Tomar, which explains the marks of their presence in **Leiria Castle**.
Speaking of marks, the **Church of Nossa Senhora da Pena** holds some very special marks that sometimes go unnoticed by untrained eyes: the **mason’s marks**. These intriguing symbols, carved into the masonry of the church’s nave, were the “signature” of the master stonemasons. They were hired by the task and paid by the piece, and the need to leave their identification on each worked stone allowed for the accounting of their work and their payment.
We find similar mason’s marks in the New Palaces of **Leiria Castle** and, once again, in the Monastery of Santa Maria da Vitória in Batalha, suggesting that the same master stonemasons from Batalha participated in the construction of the royal palace and the reform of this first church of Leiria.
Another curiosity in the church’s main chapel are two tombs. One of them belonged to Pero Barbalardo, an alcaide-mor of **Leiria Castle**, demonstrating the importance of the Barbalardo family in the castle’s administration. The other tomb is attributed by some authors to Queen Saint Isabel, although she was buried in the Monastery of Santa Clara in Coimbra.
The high choir of the church is marked by a magnificent Manueline-style arch, which stands out aesthetically from the Gothic. This arch is not original to the **Church of Nossa Senhora da Pena**; it was introduced by the architect **Ernesto Korrodi**. Korrodi, a Swiss architect who settled in Leiria, played a crucial role in the restoration of **Leiria Castle**, which was in ruins by the late 19th century.
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The Legacy of Ernesto Korrodi: The Salvation and Reconstruction of Leiria Castle
The state of ruin of **Leiria Castle** in the late 19th century was lamentable. However, its salvation is largely due to a joint effort led by the League of Friends of Leiria Castle, created in 1915 and spearheaded by Dr. Tito Aranha, to whom the institution of the museum and the erudite library, and the genesis of the current Leiria Museum, are also owed.
**Ernesto Korrodi**, with his vision and passion for architecture and history, joined the board of this league. With the support of the Portuguese government at the time, already in the context of the newly implemented Republic, Korrodi was appointed responsible for the restoration project of **Leiria Castle** and the direction of the works.
These restoration works took place mainly from 1923-1924, extending into the 1930s. After Korrodi left the direction, the Directorate General for Buildings and National Monuments assumed responsibility and continued the restoration work throughout the 20th century.
One of **Ernesto Korrodi’s** most notable decisions was the salvation of the aforementioned Manueline arch from an old chapel, the Chapel of Sant’António do Carrascal, where the city’s cemetery is now located. This chapel was demolished, and Korrodi, so as not to lose this masterpiece, deemed it appropriate to place it in the high choir of the **Church of Nossa Senhora da Pena** in **Leiria Castle**. This action demonstrates Korrodi’s profound respect for heritage and his ability to integrate historical elements harmoniously.
Thanks to the work of **Ernesto Korrodi** and all those who followed him, **Leiria Castle** regained much of its splendor. He ensured the castle had a “palatial appearance when viewed from the city,” an image that is iconic and recognizable today. The castle remains to this day a sentinel over the city, and from its balcony, it offers a privileged view of the historic center, attracting thousands of visitors annually.
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The Buçaqueira Gate and Daily Life at Leiria Castle
Below the **Buçaqueira Gate** of **Leiria Castle**, a full-arch gateway, we find the mark of the beginning of Dom Afonso Henriques’ primitive castle, built in 1135. In its voussoirs, we also observe the symbols of the Cross of Christ, linked to the Templars, reinforcing the importance of this order in the castle’s foundation and defense.
The designation “Buçaqueira” for this gate, present in medieval documentation, refers to the presence of falconry birds in this tower: falcons, hawks, and goshawks. These birds were trained and used in the hunts that kings and nobles carried out in the nearby streams and hunting grounds in times of peace.
Hunting was one of the king’s favorite sports, especially Dom Dinis, a great lover of falconry. His falconers trained and kept these falconry birds here at **Leiria Castle**. Later, from the 13th century onwards, this tower was transformed into the Bell Tower, or campanile, of the **Church of Nossa Senhora da Pena**.
This detail offers a glimpse into the daily life and interests of the court within **Leiria Castle**, beyond its purely military functions. It shows how the castle was a center of life, leisure, and administration, adapting to the needs and pleasures of its royal occupants.
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Conclusion: Leiria Castle – A National Treasure to Discover
**Leiria Castle** is, without a doubt, one of the most important monumental symbols of Portugal’s history. This episode of *Portugal á Vista* offers a comprehensive and in-depth perspective on its rich history, fascinating architecture, the legends surrounding it, and its continuing role as a cultural and reflective center.
We invite all Camoes Radio listeners and CamoesTV+ viewers to immerse themselves in this rich and engaging narrative. Understanding **Leiria Castle** is understanding an essential part of the Portuguese soul, our resilience, our ingenuity, and our ability to preserve and revalue our heritage.
Whether through the struggles of the Reconquista, the strategic decisions of D. Afonso Henriques and D. Dinis, the beauty of the Royal Palaces, the ingenuity of the cisterns, or the legacy of Ernesto Korrodi, **Leiria Castle** continues to be a beacon of our identity. Its history is a constant reminder of our journey as a nation.
Don’t miss the opportunity to listen to and watch this episode. It is an open door to Portugal’s glorious past, a source of inspiration, and an invitation to discover and appreciate our unique heritage. Feel part of this history, this landscape, this eternal symbol of Leiria and Portugal.
Listen to the Portugal á Vista S06E25 Podcast: Leiria Castle
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