Sentir Pensar E Agir | S01E06 | Daniel Bastos
Written by Camoes Radio on July 3, 2025
Daniel Bastos: Aprofundando a Emigração Portuguesa | Sentir Pensar E Agir S01E06
Desvendando a Essência da Emigração Portuguesa com Daniel Bastos
No sexto episódio da primeira temporada de “Sentir Pensar E Agir”, somos agraciados com a presença de Daniel Bastos, uma figura proeminente no estudo e na promoção da língua, da cultura e das comunidades portuguesas espalhadas pelo globo. A conversa com Romulo Avila transcende a mera entrevista, transformando-se numa autêntica celebração da Portugalidade em todas as suas vertentes.
A escolha do local para a gravação — o emblemático espaço dos pioneiros portugueses em Toronto, Canadá — não foi aleatória. Este cenário, carregado de história e simbolismo, reforça a relevância do tema: a diáspora portuguesa, os seus desafios, as suas conquistas e o seu papel fundamental na construção da identidade portuguesa contemporânea. É um testemunho vivo da resiliência e da capacidade de adaptação dos nossos emigrantes.
Camões e a Releitura da Portugalidade pelo Daniel Bastos
Um dos momentos mais elucidativos da entrevista é a forma como Daniel Bastos aborda a figura de Luís Vaz de Camões. Longe de ser apenas um ícone literário intocável, Camões é reinterpretado por Daniel como o símbolo máximo da “portugalidade viva”. Esta “portugalidade”, explica Daniel, não reside apenas nas fronteiras geográficas de Portugal, mas floresce vibrantemente em cada um dos nossos emigrantes portugueses.
Para Daniel Bastos, a ligação às comunidades portuguesas é uma vocação, quase um regresso às origens. Ele descreve a sua experiência nos estúdios da CamoesTV e Rádio como um “cantinho genuíno de Portugal”, um espaço onde a saudade se mistura com o orgulho e o sentimento de pertença de uma diáspora ativa e profundamente ligada às suas raízes. Esta conexão emocional é a base para a sua análise profunda da emigração portuguesa.
A sua perspetiva inovadora compara os emigrantes portugueses atuais aos lendários navegadores do século XVI. Tal como os “argonautas” se lançaram ao desconhecido para desvendar “novos mundos ao mundo”, os emigrantes de hoje continuam essa épica jornada. Eles exploram novas realidades, enfrentam desafios complexos e, de forma inestimável, contribuem para a afirmação de Portugal em todas as frentes: na economia global, na difusão da cultura portuguesa e na preservação e enriquecimento da nossa língua materna. São, sem dúvida, os nossos mais autênticos embaixadores, tecendo uma complexa e rica tapeçaria de interconexões culturais e económicas por todo o planeta.
A Contribuição Única do Emigrante para Portugalidade Global
A visão de Daniel Bastos realça que a emigração portuguesa não é um fenómeno de perda, mas de expansão. Cada emigrante é um veículo de Portugalidade, levando consigo os valores, as tradições e o espírito de inovação que caracterizam o nosso povo. As suas conquistas no estrangeiro, as redes que estabelecem e as pontes que constroem, revertem em benefício de Portugal, através de remessas de emigrantes, investimento e, crucially, da promoção da imagem e do prestígio do país.
Esta perspetiva contraria a narrativa tradicional que por vezes associa a emigração a um declínio. Pelo contrário, Daniel Bastos argumenta que a diáspora é uma força vital, um ativo estratégico que potencia a influência de Portugal no contexto global. O sucesso dos nossos emigrantes em diversos campos – da ciência às artes, dos negócios ao desporto – reflete-se positivamente na percepção internacional de Portugal como uma nação de talento e resiliência.
Imigração Contemporânea: Desafios, Oportunidades e o Dever de Memória
A entrevista em “Sentir Pensar E Agir S01E06” não se esquiva de um tema sensível e crucial: a imigração portuguesa contemporânea e os desafios que Portugal enfrenta como país de acolhimento. Daniel Bastos, com a sua perspicácia, aborda a complexidade da situação atual, onde Portugal é simultaneamente um país de emigrantes e um destino para novos fluxos migratórios.
É importante reconhecer que, enquanto jovens e qualificados portugueses partem em busca de melhores salários e oportunidades na Europa do Norte, Portugal recebe cada vez mais imigrantes. A contribuição de comunidades como a brasileira é sublinhada como essencial para a dinamização da economia e para contrariar o envelhecimento da população portuguesa. Estes novos residentes trazem vitalidade para o mercado de trabalho, especialmente em setores como o turismo, agricultura e serviços, que enfrentam escassez de mão-de-obra.
Com firmeza, Daniel Bastos condena o discurso anti-imigração, classificando-o como “sem sentido” e desprovido de qualquer base factual. Ele argumenta que, dada a nossa própria história de imigração, Portugal tem um “dever de memória” inalienável. Este dever implica acolher e integrar aqueles que nos procuram, evitando replicar o preconceito e as dificuldades que os nossos próprios emigrantes muitas vezes enfrentaram no estrangeiro. É uma mensagem de humanidade e reciprocidade que ressoa profundamente na comunidade portuguesa.
A Inversão de Papéis: Portugal como País de Acolhimento
A inversão de papéis, com Portugal a tornar-se um destino de imigração, traz consigo novos desafios. Daniel Bastos destaca que a qualificação crescente dos emigrantes portugueses de hoje reflete o investimento do país em educação. Contudo, a persistência de salários baixos continua a ser um fator de peso para a saída de talentos. Este êxodo de cérebros, muitas vezes jovens e altamente qualificados, gera preocupação sobre o futuro demográfico e económico de Portugal.
Por outro lado, a chegada de imigrantes, como a numerosa comunidade brasileira, é vista por Daniel Bastos como uma solução para o envelhecimento da população portuguesa. Trazem não só força de trabalho, mas também diversidade cultural e novas perspetivas. A discussão aprofunda-se nas condições de acolhimento, nomeadamente a questão da habitação e das regras de entrada, reconhecendo que a falta de infraestruturas adequadas pode criar tensões sociais e dificultar a integração de imigrantes.
A visão de Daniel Bastos é inequívoca: o discurso que diaboliza os imigrantes é infundado e perigoso. As estatísticas, como ele bem refere, contrariam as narrativas simplistas, mostrando que a criminalidade não está desproporcionalmente ligada à imigração. Esta parte do diálogo reforça a necessidade de compreensão mútua e de memória histórica para uma sociedade mais justa e inclusiva, valores que a comunidade portuguesa sempre soube demonstrar ao longo da sua experiência global.
Juventude, Espírito Crítico e o Papel Essencial da Escola
O episódio de “Sentir Pensar E Agir S01E06” dedica também atenção crucial à juventude e aos desafios da era digital. Daniel Bastos refuta categoricamente a ideia de uma “juventude perdida”, argumentando que os jovens de hoje enfrentam “outros desafios” num mundo em constante e rápida transformação. Contudo, ele sublinha a necessidade urgente de desenvolver o espírito crítico, uma habilidade vital numa sociedade saturada de informação instantânea e nem sempre fiável.
A escola, neste contexto, desempenha um papel insubstituível. No entanto, enfrenta as suas próprias batalhas, desde a carência de professores em várias disciplinas até à desvalorização de matérias fundamentais como a Filosofia e a História. Estas disciplinas, para Daniel Bastos, são cruciais para a formação de cidadãos conscientes, pensantes e capazes de analisar o mundo de forma informada.
A sua análise sobre o populismo é particularmente pertinente. Este fenómeno, amplificado pela facilidade das redes sociais e pela superficialidade do consumo de informação, é um ponto alto que nos convida a uma reflexão profunda. Daniel Bastos argumenta que a crescente dependência de plataformas como o TikTok e o Instagram como fontes primárias de informação leva a uma perigosa superficialidade no debate público e à aceitação acrítica de mensagens “fáceis” e simplistas, muitas vezes baseadas em desinformação e rumores.
A Escola como Pilar Contra a Desinformação
A escola, mais do que nunca, precisa de ser um bastião contra esta maré de desinformação, fornecendo as ferramentas para que os jovens possam “discernir” e “distinguir” a verdade do ruído, evitando a manipulação. A carência de professores qualificados em várias disciplinas e a necessidade de apetrechar a escola “do ponto de vista humano” são gritos de alerta que merecem a atenção prioritária da sociedade e dos decisores políticos. O ensino em Portugal, apesar dos seus avanços, enfrenta desafios estruturais que precisam de ser endereçados.
A perda de carga horária em disciplinas como História e Filosofia, que, para Daniel Bastos, são pilares para a compreensão da sociedade, da própria democracia e da formação cívica, é um fator preocupante. Esta desvalorização contribui para o desconhecimento de conceitos básicos sobre a nossa própria identidade ou sobre os fundamentos da cidadania por parte de muitos jovens, tornando-os mais vulneráveis a discursos simplistas e extremistas.
Esta é uma chamada de atenção fundamental para a necessidade de valorizar a educação como um pilar essencial da Portugalidade e da formação de cidadãos ativos e informados, capazes de participar de forma construtiva na sociedade democrática. A promoção do espírito crítico é a melhor defesa contra a polarização política e a desinformação na era digital.
A Dimensão Humana: A Visão de Daniel Bastos sobre as Comunidades Portuguesas
A dimensão pessoal de Daniel Bastos revela-se igualmente fascinante e comovente. Ele define-se como um “homem com H grande”, um homem “realizado” pela sua família, pelo ensino e pela paixão de viajar e contactar diretamente com as diversas comunidades portuguesas espalhadas pelo globo. Nesta auto-descrição, transparece um profundo apreço pela essência humana e pela riqueza das experiências partilhadas.
Daniel Bastos expressa a sua admiração incondicional pelo “caráter genuíno” dos nossos emigrantes: a sua coragem de sair do seu país, muitas vezes sem grandes recursos ou apoios, e a sua notável capacidade de “ir à procura” e “ir à conquista” de oportunidades em terras longínquas. É um tributo à sua resiliência, à sua adaptabilidade e ao seu espírito empreendedor, qualidades que a emigração portuguesa tem demonstrado ao longo dos séculos.
O simbolismo de ver crianças, algumas delas nem sequer lusófonas, a envergar a camisola da seleção portuguesa em Toronto, é um testemunho poderoso da universalidade da nossa cultura. Este fenómeno é impulsionado em grande parte pelo futebol e pelo incomparável fenómeno de Cristiano Ronaldo, que transcende barreiras geográficas e linguísticas, unindo pessoas sob a bandeira de Portugal, mesmo a milhares de quilómetros de distância. É uma prova viva da valorização cultural da nossa diáspora.
A sua análise sobre a figura de Donald Trump, categorizada em três palavras – “confusão, complexidade, desafios” –, revela a sua perspicácia em compreender as motivações por trás do apoio a figuras populistas. Daniel Bastos sublinha a importância da dimensão económica e a perceção de que os partidos tradicionais falham em resolver os anseios do dia-a-dia das pessoas. Esta é uma lição importante sobre a necessidade de olhar para as coisas de “vários ângulos” e de compreender que as pessoas, muitas vezes, sentem-se desiludidas e não se reveem nos políticos e partidos tradicionais, procurando alternativas, por vezes radicais.
A complexidade, para Daniel Bastos, reside na necessidade urgente de fortalecer a democracia e de garantir que os problemas quotidianos das pessoas são realmente abordados. Isso evita que o terreno fértil do descontentamento seja explorado por discursos simplistas e divisionistas que alimentam a polarização política e a desconfiança nas instituições. Esta perspetiva global e analítica é uma característica marcante da entrevista, que nos convida a uma compreensão mais profunda das dinâmicas sociais e políticas que afetam as comunidades portuguesas e o mundo em geral.
“Monumentos ao Imigrante”: Um Legado Literário e Humano de Daniel Bastos
Para encerrar a sua participação em “Sentir Pensar E Agir S01E06”, Daniel Bastos apresenta a sua vasta e significativa obra literária, que se foca incansavelmente na história da imigração portuguesa. Desde os seus primeiros e comoventes trabalhos com o fotógrafo Gérard Lopes, que magistralmente retratou a difícil vida nos “bidonvilles” parisienses nas décadas de 60 e 70 — uma emigração marcada pela pobreza, miséria, o peso de uma ditadura e os horrores da guerra colonial —, até ao seu mais recente e aclamado projeto, “Monumentos ao Imigrante”.
Este livro notável, uma homenagem ilustrada e bilingue, representa um esforço monumental de inventariação. Ele cataloga os monumentos dedicados aos emigrantes em Portugal, cada um deles contando uma história única de partida, de luta e, muitas vezes, de um eventual regresso. É um tributo profundamente merecido àqueles que, com a sua coragem e sacrifício, moldaram e continuam a moldar a nossa identidade nacional, contribuindo de forma indelével para o património de Portugal. O projeto é uma forma tangível de reconhecer a contribuição da diáspora.
Daniel Bastos expressa o seu desejo inabalável de continuar a contribuir para a formação das novas gerações, quer através do ensino, quer através da escrita. Ele anseia por um conhecimento mais aprofundado das comunidades portuguesas, sublinhando que, para além dos casos de sucesso e das histórias inspiradoras, existem também aqueles que enfrentam dificuldades persistentes, solidão e precariedade. Esta é uma realidade sensível que o leva a apoiar iniciativas sociais de grande impacto, como o Magellan Community Foundation em Toronto. O facto de as vendas do livro “Monumentos ao Imigrante” reverterem integralmente para esta causa sublinha o seu compromisso genuíno e altruísta com o bem-estar dos emigrantes, especialmente dos seniores, que são muitas vezes os mais vulneráveis e os depositários da memória coletiva e da história da imigração.
A sua obra é, portanto, muito mais do que um conjunto de livros; é um convite apaixonado a valorizar a nossa rica e complexa história da imigração e a compreender a profundidade e a complexidade das vidas de milhões de portugueses que, ao longo dos séculos, se aventuraram pelo mundo em busca de um futuro melhor, construindo pontes e deixando um legado duradouro da portugalidade. As remessas de emigrantes, por exemplo, continuam a ser um pilar da economia nacional, um testemunho silencioso da ligação inquebrável que muitos mantêm com a sua terra, apesar da adaptação e, por vezes, do retorno.
“Um Homem Tranquilo” – o título que Daniel daria a um filme sobre a sua vida – reflete a serenidade e a dedicação profunda às suas raízes e à sua família, que são os seus pilares. Este episódio de “Sentir Pensar E Agir S01E06” é um convite irrecusável a sentir, pensar e agir sobre a riqueza incomparável da nossa diáspora portuguesa. É uma oportunidade para refletir sobre o papel vital de cada português na construção de um futuro mais consciente, mais inclusivo e mais justo, tanto em Portugal como nas comunidades de acolhimento. A sua intervenção em Camoes Radio é um ponto de referência para a comunidade.
Convidamo-lo a assistir à entrevista completa e a aprofundar o seu conhecimento sobre a emigração portuguesa e a sua profunda e inegável ligação à identidade de Portugal, um tema sempre atual e relevante. Descubra como a mobilidade humana tem sido, e continua a ser, um fator determinante na formação do nosso país e da nossa presença global, num contexto de crescente globalização.
Assista e Ouça o Episódio Completo com Daniel Bastos
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Unveiling the Essence of Portuguese Emigration with Daniel Bastos
In the sixth episode of the first season of “Sentir Pensar E Agir”, we are graced with the presence of Daniel Bastos, a prominent figure in the study and promotion of the Portuguese language, culture, and the vast Portuguese communities scattered across the globe. The conversation with Romulo Avila transcends a mere interview, transforming into an authentic celebration of Portugalidade in all its facets.
The choice of location for the recording—the emblematic space dedicated to Portuguese pioneers in Toronto, Canada—was not arbitrary. This setting, rich in history and symbolism, reinforces the relevance of the theme: the Portuguese diaspora, its challenges, its achievements, and its fundamental role in shaping contemporary Portuguese identity. It is a living testament to the resilience and adaptability of our emigrants.
Camões and Daniel Bastos’s Reinterpretation of Portugalidade
One of the most elucidating moments of the interview is how Daniel Bastos approaches the figure of Luís Vaz de Camões. Far from being just an untouchable literary icon, Camões is reinterpreted by Daniel as the ultimate symbol of “living Portugalidade.” This “Portugalidade,” Daniel explains, does not reside solely within the geographical borders of Portugal but flourishes vibrantly in each of our Portuguese emigrants.
For Daniel Bastos, the connection to Portuguese communities is a vocation, almost a return to origins. He describes his experience in the CamoesTV and Radio studios as a “genuine little corner of Portugal,” a place where saudade (a deep sense of longing) intertwines with the pride and sense of belonging of a vibrant diaspora deeply connected to its roots. This intimate perception of the community forms the basis for his profound analysis of Portuguese emigration.
His innovative perspective compares contemporary Portuguese emigrants to the legendary navigators of the 16th century. Just as the “Argonauts” ventured into the unknown to unveil “new worlds to the world,” today’s emigrants continue that epic journey. They explore new realities, face complex challenges, and, invaluable, contribute to Portugal’s affirmation on all fronts—be it in the global economy, the dissemination of Portuguese culture, or the preservation and enrichment of our mother tongue. They are, unquestionably, our most authentic ambassadors, weaving a complex and rich tapestry of cultural and economic interconnections that extends across the entire planet.
The Emigrant’s Unique Contribution to Global Portugalidade
Daniel Bastos’s vision highlights that Portuguese emigration is not a phenomenon of loss, but of expansion. Each emigrant is a vehicle of Portugalidade, carrying with them the values, traditions, and spirit of innovation that characterize our people. Their achievements abroad, the networks they establish, and the bridges they build, benefit Portugal through emigrant remittances, investment, and, crucially, the promotion of the country’s image and prestige.
This perspective counters the traditional narrative that sometimes associates emigration with decline. On the contrary, Daniel Bastos argues that the diaspora is a vital force, a strategic asset that enhances Portugal’s influence in the global context. The success of our emigrants in various fields—from science to the arts, from business to sports—positively reflects on the international perception of Portugal as a nation of talent and resilience.
Contemporary Immigration: Challenges, Opportunities, and the Duty of Memory
The interview in “Sentir Pensar E Agir S01E06” does not shy away from a sensitive and crucial topic: contemporary Portuguese immigration and the challenges Portugal faces as a host country. Daniel Bastos, with his keen insight, addresses the complexity of the current situation, where Portugal is simultaneously a country of emigrants and a destination for new migratory flows.
It is important to recognize that while young and qualified Portuguese leave in search of better wages and opportunities in Northern Europe, Portugal is increasingly receiving immigrants. The contribution of communities like the Brazilian one is highlighted as essential for economic revitalization and for counteracting the aging Portuguese population. These new residents bring vitality to the labor market, especially in sectors like tourism, agriculture, and services, which face labor shortages.
With firmness, Daniel Bastos condemns anti-immigration rhetoric, classifying it as “senseless” and devoid of any factual basis. He argues that, given our own history of immigration, Portugal has an inalienable “duty of memory.” This duty implies welcoming and integrating those who seek us out, avoiding replicating the prejudice and difficulties that our own emigrants often faced abroad. It is a message of humanity and reciprocity that resonates deeply within the Portuguese community.
The Role Reversal: Portugal as a Host Country
The role reversal, with Portugal becoming an immigration destination, brings new challenges. Daniel Bastos emphasizes that the increasing qualification of today’s Portuguese emigrants reflects the country’s investment in education. However, the persistence of low salaries in Portugal continues to be a significant factor for talent outflow. This brain drain, often of young and highly qualified individuals, raises concerns about Portugal’s demographic and economic future.
On the other hand, the arrival of immigrants, such as the numerous Brazilian community, is seen by Daniel Bastos not as a problem, but as a solution to the aging Portuguese population. They bring not only labor but also cultural diversity and new perspectives. The discussion delves deeper into reception conditions, namely the issues of housing and entry regulations, acknowledging that a lack of adequate infrastructure can create social tensions and hinder immigrant integration.
Daniel Bastos’s vision is unequivocal: discourse that demonizes immigrants is unfounded and dangerous. Statistics, as he rightly points out, contradict simplistic narratives, showing that criminality is not disproportionately linked to immigration. This part of the dialogue reinforces the need for mutual understanding and historical memory for a more just and inclusive society, values that the Portuguese community has always demonstrated throughout its global experience.
Youth, Critical Thinking, and the Essential Role of School
The episode of “Sentir Pensar E Agir S01E06” also dedicates crucial attention to contemporary youth and the challenges posed by the digital age. Daniel Bastos categorically refutes the idea of a “lost youth,” arguing that today’s young people face “other challenges” in a rapidly transforming world. However, he underscores the urgent need to develop critical thinking, a vital skill in a society saturated with instant and not always reliable information.
Schools, in this context, play an irreplaceable role. Nevertheless, they face their own battles, from the chronic shortage of teachers in various subject areas to the concerning devaluation of fundamental subjects like Philosophy and History. These disciplines, for Daniel Bastos, are crucial for shaping conscious, thoughtful, and informed citizens capable of analyzing the world.
His analysis of populism is particularly pertinent. This phenomenon, amplified by the ease of social media and the superficiality of information consumption, is a highlight that invites deep reflection. Daniel Bastos argues that the increasing reliance on platforms like TikTok and Instagram as primary sources of information leads to a dangerous superficiality in public debate and the uncritical acceptance of “easy” and simplistic messages, often based on misinformation and rumors.
Schools as a Pillar Against Disinformation
Schools, more than ever, need to be a bastion against this tide of disinformation, providing the tools for young people to “discern” and “distinguish” truth from noise, preventing manipulation. The shortage of qualified teachers in various disciplines and the need to equip schools “from a human perspective” are warning calls that deserve the priority attention of society and political decision-makers. Education in Portugal, despite its advancements, faces structural challenges that need to be addressed.
The reduction of class hours in subjects like History and Philosophy, which, for Daniel Bastos, are pillars for understanding society, democracy itself, and civic formation, is a concerning factor. This devaluation contributes to a lack of basic knowledge about our own identity or the fundamentals of citizenship among many young people, making them more vulnerable to simplistic and extremist discourses.
This is a fundamental call to action for the need to value education as an essential pillar of Portugalidade and the formation of active and informed citizens, capable of participating constructively in democratic society. The promotion of critical thinking is the best defense against political polarization and disinformation in the digital age.
The Human Dimension: Daniel Bastos’s View on Portuguese Communities
The personal dimension of Daniel Bastos proves equally fascinating and moving. He defines himself as a “man with a capital H,” a “fulfilled” man due to his family, his teaching career, and his passion for traveling and directly connecting with the diverse Portuguese communities scattered across the globe. In this self-description, a profound appreciation for the human essence and the richness of shared experiences shines through.
Daniel Bastos expresses his unconditional admiration for the “genuine character” of our emigrants: their courage to leave their country, often without significant resources or support, and their remarkable ability to “seek out” and “conquer” opportunities in distant lands. It is a tribute to their resilience, adaptability, and entrepreneurial spirit, qualities that Portuguese emigration has demonstrated over centuries.
The symbolism of seeing children, some of them not even Lusophone, wearing the Portuguese national football team jersey in Toronto, is a powerful testament to the universality of our culture. This phenomenon is largely driven by football and the incomparable phenomenon of Cristiano Ronaldo, which transcends geographical and linguistic barriers, uniting people under the flag of Portugal, even thousands of kilometers away. It is living proof of the cultural valorization of our diaspora.
His analysis of the figure of Donald Trump, categorized in three words—”confusion, complexity, challenges”—reveals his shrewdness in understanding the motivations behind support for populist figures. Daniel Bastos emphasizes the importance of the economic dimension and the perception that traditional parties fail to address people’s everyday concerns. This is an important lesson about the need to look at things from “various angles” and to understand that people often feel disillusioned and do not see themselves reflected in traditional politicians and parties, seeking alternatives, sometimes radical.
Complexity, for Daniel Bastos, lies in the urgent need to strengthen democracy and ensure that people’s everyday problems are truly addressed. This prevents the fertile ground of discontent from being exploited by simplistic and divisive discourses that fuel political polarization and distrust in institutions. This global and analytical perspective is a striking characteristic of the interview, inviting us to a deeper understanding of the social and political dynamics affecting Portuguese communities and the world at large.
“Monuments to the Immigrant”: A Literary and Human Legacy by Daniel Bastos
To conclude his participation in “Sentir Pensar E Agir S01E06”, Daniel Bastos presents his vast and significant literary work, tirelessly focused on the history of Portuguese immigration. From his early and moving works with photographer Gérard Lopes, who masterfully portrayed the difficult life in the Parisian “bidonvilles” (shantytowns) in the 1960s and 70s—an emigration marked by poverty, misery, the weight of a dictatorship, and the horrors of the colonial war—to his most recent and acclaimed project, “Monuments to the Immigrant”.
This remarkable book, an illustrated and bilingual tribute, represents a monumental inventory effort. It catalogs the monuments dedicated to emigrants in Portugal, each telling a unique story of departure, struggle, and often, an eventual return. It is a deeply deserved tribute to those who, with their courage and sacrifice, have shaped and continue to shape our national identity, contributing indelibly to the heritage of Portugal. The project is a tangible way to recognize the diaspora’s contribution.
Daniel Bastos expresses his unwavering desire to continue contributing to the education of new generations, both through teaching and writing. He yearns for a deeper understanding of Portuguese communities, emphasizing that, beyond success stories and inspiring tales, there are also those who face persistent difficulties, loneliness, and precariousness. This is a sensitive reality that leads him to support high-impact social initiatives, such as the Magellan Community Foundation in Toronto. The fact that sales of the book “Monuments to the Immigrant” entirely benefit this cause underscores his genuine and altruistic commitment to the well-being of emigrants, especially seniors, who are often the most vulnerable and the custodians of collective memory and immigration history.
His work, therefore, is much more than a collection of books; it is a passionate invitation to value our rich and complex history of immigration and to understand the depth and complexity of the lives of millions of Portuguese who, over centuries, ventured across the world in search of a better future, building bridges and leaving a lasting legacy of Portugalidade. Emigrant remittances, for example, continue to be a pillar of the national economy, a silent testament to the unbreakable bond many maintain with their homeland, despite adaptation and, sometimes, return.
“A Quiet Man”—the title Daniel would give to a film about his life—reflects his serenity and deep dedication to his roots and family, which are his pillars. This episode of “Sentir Pensar E Agir S01E06” is an irresistible invitation to feel, think, and act on the incomparable richness of our Portuguese diaspora. It’s an opportunity to reflect on the vital role of every Portuguese person in building a more conscious, more inclusive, and more just future, both in Portugal and in host communities. His intervention on Camoes Radio is a reference point for the community.
We invite you to watch the full interview and deepen your knowledge of Portuguese emigration and its profound and undeniable connection to the identity of Portugal, a topic that is always relevant and timely. Discover how human mobility has been, and continues to be, a determining factor in the formation of our country and our global presence, in a context of increasing globalization.
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