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As pirâmides em reforma

Written by on February 6, 2024

Fonte: Wikimedia Commons

As pirâmides em reforma

Se a Itália propusesse um projeto para endireitar a Torre de Pisa, todo mundo ficaria surpreso, certo? Afinal, a inclinação da torre é uma de suas características mais marcantes e atrai turistas do mundo inteiro.

Pois bem: algo nessa linha está acontecendo com a Pirâmide de Miquerinos, também conhecida como Pirâmide de Menkaure, parte do famoso complexo da Necrópole de Gizé.

Isso porque ela está muito diferente de seu estado original — como eram as pirâmides quando foram construídas na Antiguidade. Muitos dos blocos de granito que a revestiam caíram com o tempo. Além disso, um sultão tentou destruir a pirâmide, mas desistiu, deixando um buraco no meio da estrutura. A ideia do Egito é restaurar tudo isso.

Equipes estão escavando os arredores da pirâmide para achar os blocos de granito perdidos, que também já estão sendo recolocados. A reforma começou em janeiro de 2024 e deve levar três anos para ficar pronta. Isso se as polêmicas não suspenderem os trabalhos.

Um presente de grego no Egito

Mostafa Waziri, chefe do Conselho Supremo de Antiguidades do Egito, descreve a restauração como “o projeto do século”. A ideia é devolver a Pirâmide de Miquerinos ao estado original, com as camadas extras de granito — e sem o característico buraco no meio de uma das faces.

Indo além em sua empolgação com o projeto, Waziri também afirma que esse seria “o presente do Egito para o mundo, no século XXI”. O problema é que muitos especialistas, bem como uma grande parte do público, desaprovaram o projeto.

“Só faltou azulejarem a Pirâmide de Miquerinos!”, comentou a egiptóloga Monica Hanna em uma postagem do Facebook que divulgava o início dos trabalhos. Segundo ela, “todos os princípios internacionais de restauração proíbem esse tipo de intervenção”.

De fato, a preservação do patrimônio histórico no Egito gera debates acalorados há tempos. A última grande polêmica envolveu uma mesquita em Alexandria, segunda maior cidade do país: os empreiteiros encarregados pela restauração decidiram pintar o teto da mesquita — que era repleto de pinturas e ornamentos — todo de branco.

Pelo que podemos perceber, os especialistas temem que os projetos de restauração egípcios terminem em desastres como o da pintura Ecce Homo — com as obras ficando ainda piores do que estavam antes.

A menor das três pirâmides

Das três principais pirâmides — Quéops, Quéfren e Miquerinos —, a que está sendo restaurada é a menor delas. Quéops, também conhecida como a Grande Pirâmide de Gizé, tem 138 metros de altura, enquanto a de Quéfren tem 136 metros e a de Miquerinos tem “só” 61.

Conta-se que o faraó enterrado nela reinou por pouco tempo. Por isso, não conseguiu construir uma pirâmide tão grande.

Mas além de seu tamanho menor, a Pirâmide de Miquerinos se destaca pelo buraco quadrado, bem no meio de uma de suas faces. Ele é atribuído ao sultão Al-Aziz Uthman: em 1196 d.C., ele mandou destruir as pirâmides, começando por essa.

Só que Al-Aziz descobriu que destruir as pirâmides era quase tão difícil quanto construí-las. Os empregados conseguiam remover somente algumas pedras por dia — e, quando conseguiam, elas afundavam na areia. Então, o sultão desistiu, deixando só esse “rombo” na estrutura. Aliás, algumas dessas pedras são as que o Egito quer recolocar no lugar, em 2024.

 

Fonte: EVANDRO VOLTOLINI/Mega